Bolsonaro e Lula prometem recriar ministério cobrado pela indústria

Bolsonaro e Lula prometem recriar ministério cobrado pela indústria Confira!

Bolsonaro e Lula prometem recriar ministério cobrado pela indústria

Presidente prometeu ainda para este ano pasta que foi extinta e anexada ao superministério de Guedes no início do governo; Lula também já deu sinais que, se eleito, pode desmembrar o Ministério da Economia

Bolsonaro e Lula prometem recriar ministério cobrado pela indústria
Imagem: Reprodução | Divulgação



BRASÍLIA – Na busca do apoio dos empresários descontentes com a política industrial e redução das tarifas de importação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu recriar ainda este ano o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, que foi extinto e anexado ao superministério do ministro da Economia, Paulo Guedes, no início do governo.

Rival de Bolsonaro na corrida presidencial deste ano e liderando as pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também já deu sinais que, se eleito, pode desmembrar o Ministério da Economia e repetir o que fez no seu primeiro mandato, em 2003, quando nomeou um empresário para o comando de um novo ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. O empresário Luiz Fernando Furlan foi o primeiro ministro da pasta e tinha uma relação próxima com Lula para levar diretamente ao presidente as demandas do setor.

Os empresários que pediram ao presidente a recriação do ministério reclamam agora que não há essa interlocução direta e que a pasta de Guedes é muito grande, o que na avaliação deles acaba deixando os assuntos da indústria e comércio exterior em segundo plano.

“O presidente Bolsonaro foi sensível à nossa demanda. Depois da pandemia e da guerra na Ucrânia, há uma necessidade de fortalecer a indústria”, disse ao Estadão o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe. “Na hora que concentra muita coisa no ministério, que já é grande, a indústria acaba virando um apêndice”, disse ele, ressaltando que não é uma insatisfação especificamente com Guedes, mas ponderou que no seu ministério há uma visão financista de um conjunto de economistas liberais que “às vezes não fazem um relação de custo e beneficia de toda a sociedade”.

Para o empresário, o Brasil não pode estabelecer uma política industrial sem ter um ministério da indústria e do comércio exterior. Ele disse que vê com preocupação as últimas medidas tomadas pelo governo, como a redução de alíquotas de importação, o que favorece a competição de produtos estrangeiros.

Em evento da Fiemg em Minas, segundo maior colégio eleitoral, com a presença de boa parte da bancada mineira, Bolsonaro se comprometeu a recriar a pasta ainda este ano. Por trás dessa pressão, há também a cobiça das lideranças do Centrão em abocanhar o comando de mais ministérios e as eleições deste ano.

Como mostrou o Estadão, a formalização da aliança de Lula com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que vai concorrer ao governo do Estado, acendeu o sinal amarelo no Palácio do Planalto

Desde o início do governo, Guedes foi alvo de fogo amigo de aliados do presidente de olho em nacos do seu superministério, que chegou a ter cinco áreas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio Exterior, Previdência e Trabalho. Trabalho e Previdência já foram desmembradas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL), é um dos patrocinadores da mudança. Presente também no evento organizado pelo Fiemg, Lira disse que com a promessa o presidente marcou um gesto firme. “Só precisamos de mais quatro anos”, disse o presidente da Câmara.

A renovação da artilharia do fogo amigo na direção de Guedes ocorre num momento em que ele teve dois auxiliares transferidos pelo presidente Bolsonaro para postos-chave do governo alvos do Centrão: Adolfo Sachsida para o Ministério de Minas e Energia e Caio Paes de Andrade para a Petrobras.

O desmembramento de outras áreas do ministério é um tema sensível para Guedes, que por várias vezes reagiu às pressões ameaçando deixar o cargo. No Ministério da Economia, as críticas à política industrial são vistas pelos técnicos como “chororô” de setores da indústria que pedem por protecionismo.

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