Como Willian Bigode, atletas aposentados apostam em novas funções no mercado financeiro

Como Willian Bigode, atletas aposentados apostam em novas funções no mercado financeiro Confira!

Como Willian Bigode, atletas aposentados apostam em novas funções no mercado financeiro

Dudu Cearense é um deles que, quando deixou o futebol, resolveu investir na orientação de colegas e clientes comuns dando 'conselhos' de como investir dinheiro; outros preferem apenas se juntar a clubes e franquias

Como Willian Bigode, atletas aposentados apostam em novas funções no mercado financeiro
Imagem: Reprodução | Divulgação



A iniciativa de Willian Bigode de traçar um caminho empresarial fora do futebol não é novidade no esporte. Atletas renomados de diversas modalidades ao redor do mundo se valem do dinheiro ganho na curta carreira esportiva para empreender novos negócios, inclusive em gestão financeira. Willian usou sua imagem para abrir uma empresa desse segmento, mas foi envolvido em falcatruas e desfalques de R$ 10,8 milhões dos amigos Gustavo Scarpa e Mayke. Seu advogado diz que ele também perdeu dinheiro com o investimento em uma holding de criptomoedas, que prometia até 5% de rendimento ao mês. O caso está na Justiça.

Willian é apenas mais um esportista no ramo dos negócios, como gestor e empresário. Lendas como Michael Jordan, Ronaldo, LeBron James, Gerard Piqué, Andrés Iniesta, Tony Parker e Serena Williams, por exemplo, também investiram tempo e dinheiro em aquisições de ações de entidades e empresas, muitas delas totalmente fora do esporte que praticavam. No Brasil, há alguns casos parecidos ao de Bigode. Dudu Cearense e William Machado são exemplos de jogadores que entraram no mercado financeiro após a aposentadoria e trabalham como assessores de investimento.

Dudu já escreveu algumas indicações para seus clientes nas redes. “Comece, tente, erre. Não se esconda pela opinião ou aprovação dos outros. Não esqueça que você é ÚNICO. Seja antifrágil, não fuja dos fracassos, fracasso é bom, nos faz evoluir todos os dias. Canalize o sentimento de derrota e frustração”. Ele se define como um profissional que “dá orientações financeiras para atletas e pessoas normais”.

Tábata Silva, gerente da Empregos.com.br, um portal nacional de recolocação profissional, afirma que diversos atletas apresentam conhecimentos importantes para o ramo corporativo. Dudu é um deles. “Os jogadores entendem de maneira única como lidar com a pressão. Além disso, superar empecilhos, ajustar a rota e manter intenso foco na conquista dos objetivos são pontos comuns do mundo esportivo e também empresarial e financeiro”.

Iker Casillas, famoso goleiro do Real Madrid e da seleção espanhola, é líder da SportBoost, uma aceleradora de startups. Mario Götze, herói alemão da Copa do Mundo de 2014, é investidor da ScorePlay, companhia voltada para o gerenciamento de ativos de mídia, que oferece produtos para equipes de futebol, ligas, federações, torneios, marcas e jogos digitais.

“A imagem desses empreendedores é tudo. Se o atleta construiu uma boa reputação ao longo da carreira, ele eventualmente vai conseguir explorar isso de forma comercial e com inteligência. Então, é importante que um atleta, durante a profissão, seja assessorado para saber lidar com determinadas situações, por exemplo, como se posicionar, em quais assuntos investir ou não investir. É ter toda uma equipe com foco em posicionamento estratégico para que, aos poucos, ele vá construindo a imagem da forma desejada”, explica Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports.

Outro esportista que também entende do mundo dos negócios é o volante Rômulo, que já atuou na Juventus, Fiorentina e Lazio, todos da Itália, e que, em 2022, defendeu as cores do Cruzeiro. Desde 2019, o gaúcho, natural de Pelotas, é CEO da Caldeira Export Solutions, uma empresa fundada por ele e que atua na exportação e importação de commodities. O atleta é fundador e investidor de outras duas companhias: Vimpório (importação de vinhos raros) e ReAction Coffee (bebida termogênica).

“No Brasil, ainda existe uma cultura em que o jogador deve focar apenas no esporte onde ele cresceu e esquecer os outros aspectos da vida pós carreira. Na Europa e até mesmo nos Estados Unidos, essa realidade já é um pouco diferente. LeBron James, Robert Lewandowski e o brasileiro Casemiro são grandes exemplos de investidores. Com comprometimento, seriedade e uma boa equipe ao seu lado, é possível conciliar as duas áreas e evoluir em ambas, mantendo um alto nível de atuação, seja dentro ou fora de campo”, pontua Rômulo.

Na melhor liga de basquete do mundo, a NBA, há diversos casos de atletas que buscam multiplicar o capital por meio de investimentos esportivos ou de outros segmentos. LeBron, astro do Los Angeles Lakers, é acionista do Liverpool FC, um dos maiores times de futebol da Inglaterra. Michael Jordan, considerado o maior jogador de todos os tempos do basquete, é sócio majoritário do Charlotte Hornets, uma franquia de basquete do país. Além de outros investimentos que tem.

O volante Edmilson, pentacampeão do mundo com a seleção brasileira em 2002, é outro caso de sucesso no ramo dos negócios. O ex-jogador é dono do SKA Brasil, time da segunda divisão do Campeonato Paulista, e, ao lado da ex-jogadora de vôlei e campeã olímpica Tandara Caixeta, investe na SecureCard, empresa que traz descontos exclusivos em serviços de saúde privada, assim como em universidades, turismo e setor alimentício.

“Por causa de tudo o que conquistaram dentro de campo, os jogadores possuem uma imagem e uma popularidade que facilitam a concretização de vários procedimentos importantes no setor corporativo. Muitos atletas, depois que chegam na aposentadoria, continuam com nomes impactantes, que geram força instantânea a muitos empreendimentos e negócios”, diz Fernando Patara, cofundador e head de inovação do Arena Hub. Ronaldo Fenômeno talvez seja o maior exemplo desse profissional.

Bernardinho, ex-treinador da seleção brasileira de vôlei e vencedor de mais de 50 torneios da categoria, também faz parte do grupo de personalidades esportivas que tem chamado atenção pelo investimento em outros negócios. O técnico investe em uma startup do setor alimentício, que oferece hambúrgueres à base de plantas. Nada a ver com suas cobranças dentro das quadras e sua obsessão em conquistar torneios.

“Construir uma história correta e de valores dentro das quatro linhas auxilia diretamente nessa transição, seja ela para qualquer ramo, após a aposentadoria. Caso o jogador resolva empreender simultaneamente à sua atividade esportiva, a exigência é maior para que ele trabalhe sua carreira, imagem e visibilidade da melhor forma possível, pois a sua reputação como atleta irá refletir diretamente nos negócios e nas relações de mercado”, diz Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa de marketing esportivo especializada na captação de patrocínios entre clubes, empresas e atletas. Willian Bigode sofre hoje com as acusações dos amigos. Terá de provar que também foi vítima para não ter seu nome e o nome de sua empresa arranhados após o episódio.

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