Entenda aprovação de Reforma da Previdência na França sem aval dos deputados

Entenda aprovação de Reforma da Previdência na França sem aval dos deputados Confira!

Entenda aprovação de Reforma da Previdência na França sem aval dos deputados

Projeto impopular motivou greves e protestos por todo o país, mas os esforços não foram capazes de barrar a medida mais poderosa do executivo.

Entenda aprovação de Reforma da Previdência na França sem aval dos deputados
Imagem: Reprodução | Divulgação



O presidente da França, Emmanuel Macron, recorreu ao artigo 49.3 da constituição do país para aprovar a Reforma da Previdência sem a avaliação da Assembleia Nacional, o equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. A proposta já tinha sido aprovada pelo Senado, mas o governo enfrentava dificuldades em encontrar apoio na câmara baixa.

As medidas de reforma previdenciária incluem o aumento da idade mínima para a aposentadoria de 62 para 64 anos, além de antecipar a exigência de ao menos 43 anos de contribuição ao invés de 42 para que os trabalhadores tenham direito de receber a pensão integral.

Agora que foi aprovada, os parlamentares contrários à Reforma da Previdência na França devem apresentar até 15h20 (11h20 no horário de Brasília) desta sexta-feira (17) uma moção de censura para vetar a decisão de Macron, e da primeira-ministra Elisabeth Borne.

A proposta de mudança nas regras da previdência já estavam gerando insatisfação na França, mas o problema se agravou depois da aprovação do Senado. O país vem enfrentando uma onda de protestos e greves e a capital, Paris, vê montanhas de lixo se formarem nas ruas depois que os coletores decidiram parar o trabalho. Depois do anúncio da aprovação, as ruas foram tomadas mais uma vez.

? Alerte info – Des manifestations spontanées démarrent près de l’ #AssembleeNationale vers la Place de la Concorde les manifestants scandent ” #MacronDemission ” le 49.3 a été activé par #Borne ! #greve16mars #DirectAn #MacronDestitution #Macron #MotionDeCensure ⬇️ pic.twitter.com/PKDxnoGUpI

— LE GÉNÉRAL Officiel©? (@Le__General_0ff) March 16, 2023

Criado em 1958 na Constituição, o artigo 49.3 permite que o primeiro-ministro do país drible o parlamento para aprovar alguma medida quando não há a validação de um grupo suficiente de parlamentares. “O primeiro-ministro pode, após deliberação do Conselho de Ministros, levantar a responsabilidade do Governo ante a Assembleia Nacional sobre a votação de um texto”, diz o artigo.

O uso da ferramenta, que já aconteceu ao menos 87 vezes desde a criação, não é bem visto pela imprensa, população ou os opositores ao governo de Macron, sendo considerado até mesmo antidemocrático por alguns. A revisão constitucional de 2008 determinou que apenas um projeto de lei por sessão parlamentar pode ser agraciado pelo artigo, a não ser que esteja relacionado a finanças ou financiamento de seguridade social.

A população já temia que esse fosse o caminho escolhido pelo governo para a provar a Reforma da Previdência na França, mas isso não significa que seja uma vitória para a gestão, pelo contrário. Este é considerado o último recurso do executivo caso não tenha saída para a aprovação de um projeto, mas é impopular, classificado pela imprensa francesa como uma arma nuclear legislativa.

Além da insatisfação popular, Macron e Borne precisam se preocupar também com os parlamentares. Além da moção de pode fazer com que a lei seja rejeitada, eles também podem apresentar um voto de desconfiança do governo e, se assinado por 10% dos membros, o projeto é arquivado e o governo deve renunciar. A assembleia, em sequência, é dissolvida e eleições antecipadas são convocadas.

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