Itália designa porto para navio com 113 migrantes
Ocean Viking vai navegar até Ravenna, a 1,7 mil km de distância
A Itália designou nesta terça-feira (27) o porto de Ravenna, no centro-norte do país, para o desembarque de 113 pessoas resgatadas de um bote inflável no Mar Mediterrâneo Central pelo navio Ocean Viking, da ONG francesa SOS Méditerranée.
Trata-se de uma escolha incomum por parte do governo italiano, uma vez que Ravenna, na costa do Mar Adriático, fica a quase 1,7 mil quilômetros do local de salvamento. Em situações de resgates marítimos, normas internacionais recomendam que as pessoas sejam levadas sempre ao porto seguro mais próximo possível.
“Após o resgate de 113 sobreviventes, o ITMRCC [Centro de Coordenação de Resgate Marítimo da Itália] ofereceu ao Ocean Viking um local seguro distante (La Spezia), instando o navio a seguir para esse lugar”, disse a SOS Méditerranée no Twitter.
“Poucas horas depois, o ITMRCC designou um porto ainda mais longe: Ravenna, a 900 milhas náuticas de distância, a até quatro longos dias de navegação”, acrescentou. A entidade afirmou estar “aliviada” por poder levar os migrantes a um local seguro, mas demonstrou preocupação com outros possíveis barcos em dificuldade no Mediterrâneo Central.
O Ocean Viking é o único navio humanitário atualmente em operação na região, e a exigência de navegar até Ravenna impedirá novas operações de socorro por vários dias.
Nos governos anteriores, a Itália costumava indicar portos no sul, que é banhado pelo Mediterrâneo Central, para que os migrantes descessem em terra firme o quanto antes.
A partir da chegada da premiê Giorgia Meloni, no entanto, o país começou a designar locais mais distantes, como Livorno, na Toscana, que recebeu dois navios humanitários na semana passada.
O grupo de 113 pessoas salvas pelo Ocean Viking nesta terça inclui três bebês recém-nascidos – o mais novo deles com apenas três semanas de vida -, 23 mulheres, algumas delas grávidas, e 30 menores desacompanhados.
Em novembro, o mesmo navio foi obrigado a navegar até a França, a mais de mil quilômetros de distância, com 234 náufragos a bordo devido à recusa da Itália em abrir seus portos, o que gerou uma crise diplomática entre os dois países.
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